É triste admitir, mas cada dia
mais creio que nos apaixonamos pela pessoa que criamos na nossa cabeça. Talvez
por inocência, talvez por esperança e um resquício de amor romântico que
insiste em permear nossos pensamentos levando-nos a imaginar “a pessoa ideal”. Tão
frustrante é ver que “aquele cara” na verdade é “só isso? ”. Que classe de
arrogância se apodera de nossos pensamentos para chegar a essa conclusão? Será
mesmo arrogância ou amor próprio?
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Apesar da descrença ser cada vez
mais presente, às vezes, bem às vezes mesmo, aparece alguém que assopra aquela
brasinha no nosso coração e levantam-se labaredas: “Uau! Alguém para compartilhar! Alguém que eu posso
fazer feliz e que pode me fazer feliz também! ”. Aí passado um tempo (cada vez
mais curto), olhamos para essa pessoa, pensamos: “Anh? Esse é o fulano?”. O que
vem a seguir já é sabido: decepção. E cada vez se fazem verdadeiros os versos “lágrimas
por ninguém, só porque é triste o fim. Outro amor se acabou.” E dizemos “ADEUS”.
Joseph Campbell, em “O poder do mito” diz “Penso
que o que estamos procurando é uma experiência de estar vivos, de modo que
nossas experiências de vida, no plano puramente físico, tenham ressonância no
interior do nosso ser e da nossa realidade mais íntimos, de modo que realmente
sintamos o enlevo de estar vivos.” Talvez o problema seja a nossa concepção
sobre o “enlevo de estar vivos”, essa sensação que muitas vezes buscamos nos outros
e, na verdade, devamos em cada momento, momentinho da nosso vida, nas pequenas
realizações.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicH-T_jgKDSKwWcFiBgEhr6vxntkU0bfKD7J9tDKVs60Xbi-5mZfv-kDBoTWQIoDOnb3n2w2VRUPhODygP43xfY_HVOP8UYIWuBHXI5yqbK-MurBoxX0RHrKM_nndy0jG8E9YHn1LiL8A/s320/reality.jpeg)
Ver as coisas sem romantizá-las nos trará certamente uma vida emocional
e mental mais saudável. Veremos a graça, o sabor e a magia em outros aspectos. É quase como adaptar o paladar: aprendemos a deixar de
lado aquela coxinha, nhoque ou pizza cheia de queijo por uma salada com
filé grelhado.Sai a gordura, entram os nutrientes. E como em uma reeducação (alimentar ou não), vemos o
resultado a médio e longo prazo. A morte do amor romântico é o nascimento da
maturidade emocional. Nesse sentido, sai a fantasia e entra o entendimento de viver intensamente cada momento pensando que o outro é na verdade o sortudo da vez. Se ele será o sortudo para toda a vida, bem, essa é outra história.